domingo, 12 de setembro de 2010

As Eleições e a Nova Correlação de Forças

Dilma prossegue bem na frente do candidato oposicionista José Serra e sua reação faz com que o debate eleitoral segue tão ruim quanto começou. Se primeiro ninguém sabia a que veio a candidatura Serra, que se alternava entre tentar se afirmar como a "continuidade" - que não era nem nunca foi - ou aquele que iria salvar o país da dominação maligna de um petismo - que nunca existiu fora da imaginação de alguns ingênuos e da língua de alguns (péssimos) ideólogos. Desde a escolha desastrada e desastrosa do desastre Índio da Costa como seu vice - o que, por si só, já desmobilizou grande parte de seu eleitorado mais moderado -, a candidatura Serra passar a tomar o rumo do segundo caminho, ainda que de forma reticente e passa a esperar que Dilma erre - e o grande erro não vem, nem nos debates, nem nas entrevistas, muito menos no programa eleitoral. A campanha Serra vira vapor e de repente, o que resta dela, gira em torno do recente e completamente falacioso escândalo da receita Federal, Veja à frente - que rendeu ótimos textos no NPTO e no Idelber, que dizem tudo aquilo que eu não tenho paciência para falar a respeito.


O ponto é que enquanto esse jogo se desenrola, a oposição segue em queda livre e seus ideólogos, sabem disso. O PT e seus aliados tendem a fazer uma grande quantidade de senadores - na medida em que a situação direcionou boa parte de seus melhores quadros para lá - e de deputados - o partido da estrela nunca chegou às vésperas de uma eleição geral com tamanha popularidade. Um exemplo disso são os números das pesquisas para o Senado no Rio e em São Paulo: Se no primeiro caso, César Maia, o nome mais influente do DEM hoje em dia - tanto, que escolheu o vice na chapa de Serra - foi ultrapassado pelo candidato petista Lindberg Farias, no caso das terras bandeirantes, o governo também está fazendo as duas vagas com Marta e Netinho - tirando, por ora, a vaga de Aloysio Nunes, o braço direito de Serra no PSDB. O crescimento de Mercadante em São Paulo é motivo de grandes preocupações internas no PSDB paulista. 


A oposição ficou refém de um PSDB que murchou, em grande parte porque seu projeto tem um teto - e ele não é alto. De 2000 para cá, ocorre uma bisonha repetição de nomes do tucanato nas eleições municipais de São Paulo capital, do estado de São Paulo e à Presidência da República. Vejamos, em 2000 Alckmin foi candidato à prefeitura da capital, em 2002 ao governo do estado, em 2006 à Presidência, em 2008 novamente à prefeitura e em 2010 ao governo do estado de novo; Serra foi candidato à Presidência em 2002, à prefeitura da capital em 2004, ao governo do estado em 2006 e à Presidência em 2010. Além da falta de quadros, o partido não tem uma estrutura que possibilite uma formação de novos nomes. Não vou dizer que se trata de um partido falido - partidos, na minha perspectiva, já decorrem de uma visão falida de política -, o que eu advogo é que nem mais formalmente, enquanto máquina burocrática de disputa eleitoral, o PSDB está funcionando mais - muito menos o DEM, seu braço no interior do Brasil, que se desfaz como um castelo de cartas ao vento diante das políticas de assistência do Governo.


Hipóteses como a de "mexicanização" do Brasil, como já dito por aqui, não se sustentam. Isso é reme-reme de quem não consegue vencer eleições e não uma crítica válida ao modelo ou o que quer que seja - vocês estão reclamando do que, afinal? Das eleições que vocês não só reconhecem a legitimidade como movem céus e terras para vencer? Não digam que depois desses quatro anos de oposição péssima, vocês esperavam algo diferente? Se existe algum problema do cada vez mais acentuado controle da política nacional pelo Partido dos Trabalhadores é fruto da oposição que, tanto à direita como à esquerda, fez avaliações erradas, personalizou as críticas na figura pessoal de Lula e afins. O ponto é que mesmo que se possa levantar a bola dos riscos desses monopólio, não há como não afirmar, sinceramente, que os riscos de uma oposição como essa sair mais fortalecida das eleições ou mesmo vencê-la são muito maiores. Embora eu discorde de alguns pontos com o André Singer - acho que o buraco é mais embaixo -, na essência é ele o cientista político que está mais acertando. O fato é que do aparente tira-teima entre PT e PSDB, emergirá uma nova correção de forças na política nacional e é isso que tem de ser investigado.

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