sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Terça que vem

vou ver o meu querido Parmera no Palestra Itália contra o Colo Colo - primeiro jogo que eu vou no ano e logo um de Libertadores. Enquanto o futebol me distrai e me anima, prossigo minhas reflexões acerca do que se opera no Brasil por esse momento, com a crise já causando desemprego ao passo que a partidarização da cobertura dela já se consubstancia tendo em vista as Eleições Gerais de daqui a menos de dois anos - em mais uma demonstração de desconstrução do discurso jornalístico por parte da própria mídia tradicional, tão engajada, tão militante.

Há quem ache o discurso jornalístico uma mera miragem, fruto da ideologia hegemônica do mundo - que de certa maneira é a mesma, ainda que transformada, das revoluções americana e francesa até os dias atuais -, eu, no entanto, venho e indago: O que não seria produto ideológico na produção cultural humana? jornalismo é sim produto da ideologia dominante, mas é algo bem concreto que parece estar encontrando o seu ocaso - ou,quem sabe, sofrendo uma metamorfose tão brutal que nem parece mudança, mas sim morte.

Quem é o maior responsável pela desconstrução do jornalismo no Brasil - e no mundo - hoje?

Do ponto de vista econômico é a competição da Internet somada aos custos econômicos que implicam em manter um jornal, um canal de TV ou uma estação de rádio.

Do ponto de vista ideológico, é a constatação de que não é mais possível sustentar a ideia da pretensa pureza do discurso jornalístico, cujo ponto basilar é o dualismo fato-descrição, na medida em que há de se reconhecer tão logo - assim como se investigar - a sua dimensão axiológica, jamais olvidando questões como a subjetividade a relatividade - os motes do século que se inicia e que eu não sei se acaba. Isso, claro, é dramático para os profissionais da área porque pode simplesmente pôr abaixo a sacralidade laica, o dogma maior sobre o qual ela se assenta.

Do ponto de vista político, e isso está bem claro na América Latina e no Brasil, é a questão da subversão do discurso jornalístico pelas próprias empresas jornalísticas em detrimento de um discurso político velado. Isso tem uma diferença essencial ao que se viu no passado: As empresas jornalísticas deixam de ser meras apoiadoras de determinados grupos políticos para se tornarem players no jogo do poder. Elas não são mais usadas nem são mais coadjuvantes, mas sim um dos protagonistas do jogo, o que tem custado caro à credibilidade desses meios.

É um debate longo que só está no início, muita coisa ainda virá. Esperemos e ruminemos.

Atualização de 28/02 às 14:52: Luis Henrique Penha e eu estamos debatendo sobre esse assunto em seu excelente blog, o éle.agá.

Atualização 2 de 28/02 às 15:51: Essa eu não podia deixar passar, o blog do Nassif noticia a demissão do colunista Inaldo Sampaio do Jornal do Commercio de Recife. Inaldo, 22 anos de Casa, foi a única voz que se levantou contra a "entrevista" do Senador Jarbas Vasconcelos sobre a "corrupção no PMDB" e por isso sua cabeça rolou. É sobre coisas como essas que eu me refiro quando falo que as próprias empresas jornalísticas estão subvertendo o jornalismo em prol da política - e Nassif, recém-demitido da TV Cultura em mais uma prévia do que será 2010, sabe muito bem disso.

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